BERLIM,
23 julho 2013 (AFP) - A Alemanha recorreu à imigração seletiva para solucionar
sua falta de mão de obra, abrindo alguns postos a trabalhadores de fora da
União Europeia.
Pela primeira vez, a maior economia da UE
publicou nesta segunda-feira uma lista que agrupa 18 setores com necessidade de
pessoal.
Encanadores, enfermeiras, maquinistas, pessoas
para trabalhar em asilos e técnicos especializados em mecânica: estas são
algumas das profissões que possam exercer os imigrantes não europeus que o
desejam.
Berlim, que no ano passado facilitou a
permissão de residência a profissionais altamente qualificados, quer agora
fazer o mesmo com especialistas de grau médio.
A única condição é que os estrangeiros
apresentem um diploma que confirme sua formação.
Até agora, a Alemanha negociava acordos
bilaterais com as agências de emprego quando necessitava algum tipo de pessoal,
informou um porta-voz do Ministério de Economia.
Era o caso do pessoal da saúde procedente de
Filipinas e da Croácia, disse.
"É uma pequena revolução, já que pela
primeira vez a Alemanha se abre realmente às pessoas de qualificação
média", declarou à AFP Thomas Liebig, economista da OCDE.
Segundo um estudo desta organização
apresentado em fevereiro, "a Alemanha era um dos países da OCDE com menos
barreiras à imigração de trabalhadores altamente qualificados", mas de
trabalhadores sem diploma universitário era difícil.
A OCDE disse então que a Alemanha recebia, a
cada ano, cerca de 25.000 trabalhadores procedentes de países de fora da UE e
de fora da Associação Europeia de Livre Comércio, o que representava cerca de
0,02% da população.
As cifras da Austrália, Dinamarca, Canadá e
Reino Unido são cinco vezes maiores.
O país mais envelhecido da Europa
A
Alemanha, onde 42% da população tem mais de 50 anos e a taxa de natalidade é
muito baixa, está sendo levada em conta da emergência da situação.
Apesar de as pessoas mais velhas podem
trabalhar mais tempo, a Alemanha aceita agora a imigração como uma das soluções
para seus problemas demográficos. O país está longe do famoso e polêmico slogan
eleitoral de um dos chefes do Partido Cristiano Democrata, Jürgen Rüttgers, que
em 2000 dizia que era preferível que os alemães tiveram mais crianças a que
contrataram a informáticos indianos.
A Alemanha abre agora os braços não só aos
trabalhadores dos países europeus em crise ou da Europa oriental.
Em uma página web titulada "Make it in
Germany", os Ministérios da Economia e Trabalho, assim como a Agência de
Emprego, informam em inglês e em alemão das ofertas trabalhistas, com um foto
de uma africana ou um asiático.
"No verão passado, a Alemanha decidiu
autorizar a estada, depois de sua formação aos jovens de fora da UE que vieram
a estudar ao país", disse Liebig.
As PYMES, espinha dorsal da economia alemã,
são as que mais problemas de mão de obra têm, como mostra a lista de trabalhos
publicada na segunda-feira, onde se precisa a falta de pessoal especializado em
eletrônica.
O alemão continua sendo, contudo, um
obstáculo, já que a maioria dos candidatos à imigração não falam o idioma
quando chegam ao país.
Segundo Karl Brenke, economista do instituto
de Berlim DIW, esta política de abertura esconde em realidade uma nova pressão
sobre os salários.
"Não é preciso mão de obra na
Alemanha", disse à AFP, e põe o exemplo do "pessoal médico alemão,
que prefere trabalhar na Escandinávia ou na Suíça, onde os salários e as
condições de trabalho são melhores".
"Este chamado à imigração é uma forma de
cortar os salários", afirma.
Fonte:
Site Isto é Dinheiro – Economia – 01/08/2013
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