sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Deputado quer fim do fator previdenciário

Aposentadorias
Roberto Santiago admite que mudança seria seguida por "enxurrada de ações"
O presidente da Comissão de Trabalho e Renda da Câmara dos Deputados, Roberto Santiago (PSD-SP), que esteve em Belém na quinta e sexta-feira passadas (26 e 27) para participar da 2ª Plenária da União Geral dos Trabalhadores no Pará (UGT Pará), defendeu na ocasião que a Previdência Social não está deficitária e defendeu o fim do fator previdenciário e sua substituição pela chamada regra "85/95", prevista em projeto em tramitação no Congresso. Para ele, o fator previdenciário não serviu para absolutamente nada, a não ser, prejudicar a sociedade.
O "85/95" é um projeto do legislativo que está em discussão como forma de acabar com o fator previdenciário, sem que venha a aumentar o déficit na Previdência, com uma enxurrada de ações que poderá ocorrer caso o Congresso Nacional derrubar o regime adotado ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Funciona assim: se a medida for aprovada, para se aposentar, o homem vai somar o tempo de contribuição mais a sua idade. Se a soma resultar em 90 anos, ele recebe sua aposentadoria integralmente. A mesma regra seria adotada para as mulheres, que teriam que ter, na soma, 85 anos.
Contudo, disse o deputado, "ainda são estudos, são discussões, mas eu afirmo pra você que a hora que o fator previdenciário for posto em plenário, vai cair sem dúvida e aí a Previdência poderá ter uma quebra, embora seja mentira essa história de dizer o tempo todo que a Previdência Social está no vermelho. A Previdência é superavitária, porque é mantida com o dinheiro do trabalhador e não do patrão, que engloba todos os seus impostos nos custos".
De acordo com Roberto Santiago, para que o fator previdenciário seja derrubado, há que ser feita uma reestruturação no sistema previdenciário atual. "A Previdência tem uma estrutura que precisa ser revista", disse ele, que destaca a injustiça do fator previdenciário, pois "joga toda a sociedade no porão, prejudica a vida das pessoas". Além disso, segundo ele, não adiantou, pois a pessoa que se aposenta continua trabalhando e tira o lugar de jovens que precisam ingressar no mercado de trabalho. "Aquele que se aposentou e permaneceu na ativa, é porque precisa de um reforço no seu orçamento, porque quando a pessoa se aposenta sem a idade mínima, perde pelo menos 40% do seu dinheiro. Em caso de derrubada do fator previdenciário, essas pessoas que foram prejudicadas vão buscar seus direitos na Justiça", alertou.
INTERIOR
Oriundo do movimento sindical e vice-presidente nacional da UGT, Roberto Santiago lembra que a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados é a segunda mais importante da Casa, atrás apenas da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), porque trata de tudo o que diz respeito ao mundo do trabalho. Por isso mesmo, assim que assumiu a presidência da Comissão, Santiago procurou priorizar projetos que estavam tramitando há até 13 anos na Câmara, como a aposentadoria dos garçons e a redução da jornada de trabalho dos frentistas e dos lixeiros. Todavia, diz o parlamentar, os conflitos na relação trabalho/capital não estão apenas nas grandes cidades e zonas metropolitanas. "A gente tem de se voltar para o Brasil como um todo", recomenda.
De acordo com o deputado, as relações entre trabalhadores e empregadores já avançaram muito nos grandes centros, mas isso não acontece no interior do Brasil, onde a situação ainda é péssima. "E isso não é fácil de a gente resolver, de a gente mudar a consciência das pessoas, da sociedade, dos patrões e dos trabalhadores que são isolados do mundo político e, por isso, desconhecem seus verdadeiros poderes".
Roberto Santiago diz que a Comissão de Trabalho, da qual é presidente, é uma comissão mista, pois tem também representantes dos empregadores, que aliás, são maioria, por isso, a cada decisão, é preciso muita negociação. De acordo com ele, hoje, o trabalhador está bem mais atento e esclarecido sobre a necessidade de se educar mais defender seus interesses

Fonte: O Liberal – Poder – 11/10/2013

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